Governo voltou a desrespeitar a categoria, afirmam servidores

Por Hélcio Duarte Filho

Às vésperas do segundo turno das eleições, o governo Dilma Rousseff (PT) voltou a desrespeitar de forma vergonhosa os servidores do Judiciário Federal e do MPU.

É o que avaliam servidores e dirigentes sindicais que integram o movimento LutaFenajufe, ouvidos pela reportagem pouco após o Ministério do Planejamento confirmar que não se reunirá com o STF antes das eleições e nem apresentará contraproposta, ao contrário do que sinalizara alguns dias atrás.

Além da promessa do Ministério de analisar os projetos e apresentar possível contraproposta, nos últimos dias certos setores do movimento sindical no Judiciário e MPU que estão engajados na campanha pela reeleição de Dilma e apóiam o governo vinham alimentando a ideia de que isso de fato poderia ocorrer antes das eleições.

O que significa [o cancelamento da negociação] é que não há proposta de acordo nenhum. Tentaram enganar a categoria com divagações, critica Pedro Aparecido, dirigente da federação nacional (Fenajufe) e do sindicato do Mato Grosso (Sindijufe-MT), que defende uma atuação sindical independente e que enfrente sempre os ataques do governo. É hora de a categoria acordar e levar aquela máxima a sério: só a luta muda a vida.

Opinião parecida tem Antônio Melquíades, o Melqui, dirigente do sindicato de São Paulo (Sintrajud-SP). Mais uma vez fica provado que só haverá conquistas com muita luta, afirma, reforçando a avaliação de que tentaram enganar os servidores.

Para ele, nem Dilma nem Aécio (PSDB), os dois candidatos à Presidência no segundo turno, são confiáveis para os trabalhadores. Ele observa ainda que mais uma vez faltou pulso do STF para obrigar o governo a cumprir a lei, diz.

Vergonha

A postura do governo foi lamentável, corrobora Adilson Rodrigues, da coordenação da Fenajufe e servidor da Justiça Federal de Santos (SP). Mais uma vez o governo tripudia sobre o Judiciário e as demandas da categoria ao cancelar uma reunião que já deveria ter ocorrido desde a semana passada, diz.

Para Cristiano Moreira, do sindicato do Rio Grande do Sul (Sintrajufe-RS), o que ocorreu, que não surpreende, reforça a caracterização de que Dilma não respeita os trabalhadores. Foi uma vergonha o desrespeito com que o governo trata a categoria. Adia reunião atrás de reunião sem qualquer consideração com as perdas acumuladas dos servidores, assinala.

Ele critica o fato de o governo e o STF terem jogado a definição sobre a questão salarial para depois das eleições, repetindo de certa forma o que ocorreu em 2010, quando a categoria ficou sem reajuste salarial.

Todos, no entanto, convocam os servidores a reagir e preparar a resposta ao governo, seja quem for o eleito para presidir o país.

Não vamos aceitar o congelamento e a enrolação como em 2010, seguiremos cobrando o respeito que merecemos, defende Cristiano. Desde já cobraremos uma resposta do presidente do STF. Também cobraremos um posicionamento da ministra Rosa Weber e Carmen Lucia, sobre o corte no orçamento do Judiciário, onde ambas já deveriam ter decidido, diz Adilson, ao defender o respeito à proposta orçamentária original do Judiciário, que prevê recursos para o projeto salarial.

Também cobraremos que o ministro [Dias] Toffoli devolva o processo da data-base, acrescenta, referindo-se ao julgamento da ação que reivindica uma indenização pela não aplicação da revisão anual dos salários, prevista na Constituição Federal.

Ninguém ignora as dificuldades que os trabalhadores devem enfrentar nos próximos meses e em 2015, mas igualmente não têm dúvidas de que sem uma mobilização mais forte e marcada pela unidade da categoria nada será revertido em termos de perdas salariais.

Há ainda a busca da aliança com os demais setores do funcionalismo federal, que em meados de novembro fazem um seminário nacional para traçar as bases para uma grande mobilização conjunta. É difícil, mas se a categoria como um todo lutar pra valer podemos sim sair vitoriosos. Desistir? Jamais, finaliza Melqui.