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25 de Abril de 2024
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    Nunca houve uma ameaça tão grande quanto o assédio moral, afirma psicóloga

    Por Caê Batista

    O assédio moral é uma tática de gestão de pessoas para tirar do caminho os obstáculos aos planos de poder. A afirmação é da psicóloga Terezinha Martins, também chamada de Terezinha Baiana, e pode sintetizar parte de sua palestra sobre o assédio moral, realizada no auditório do Sintrajud na quinta-feira, 19.

    A palestra deu início à campanha de combate ao assédio moral, que está sendo organizada pelo Sintrajud. Entre outras iniciativas, compõem a campanha a distribuição de uma cartilha à categoria e a realização de um ciclo de palestras nos tribunais da capital e algumas cidades do interior.

    Mais do que dizer o que é o assédio moral, na quase uma hora de palestra, Terezinha Baiana apresentou uma série de conceitos que nos ajudam a reconhecer a prática, que é a primeira medida para combatê-la. Para Terezinha, nunca houve uma ameaça tão grande aos trabalhadores quanto o assédio moral.

    A palestrante argumentou que a violência e a opressão sempre existiram nas relações de trabalho dentro do capitalismo, mas o assédio moral é uma prática recente. Terezinha disse assédio moral é resultado da reestruturação produtiva, iniciada nos anos 1970, que deu à gestão do trabalho um instrumental para manipular as emoções dos trabalhadores.

    É uma gestão do trabalho que precisa (construir) um discurso de que todos fazemos parte de uma mesma família. É uma gestão feita a partir das emoções, explicou.

    O assédio moral, segundo disse, é uma ferramenta para por para fora de casa os filhos questionadores (militantes e ativistas sindicais e políticos), os adoecidos ou acidentados e os muito competentes.

    No caso dos militantes, o assédio moral serve para silenciá-los, para impedir qualquer tipo de reação a demissões ou planos de intensificação do ritmo de trabalho, por exemplo. Ou seja, o assédio moral visa impedir questionamentos e crítica, além da criação de um sentimento de solidariedade no local de trabalho.

    O assédio moral sobre os trabalhadores adoecidos serve para afastá-los do local de trabalho, pois eles são exemplos para todos de que o trabalho adoece. Ao perceberem que um colega adoeceu pelo trabalho, os colegas reduzem a sua produtividade por receio de adoecerem, explicou Terezinha.

    O assédio moral sobre os trabalhadores competentes acontece porque estes evidenciam a incompetência dos chefes, e, no serviço público, atrapalham falcatruas, disse.

    Terezinha ainda exemplificou algumas tácticas utilizadas para desestruturar o trabalhador: retirar dele os meios para realizar o seu trabalho cotidiano; dar a ele um tratamento diferenciado àquele dispensado aos demais trabalhadores; ignorá-lo, o que é fatal para a sua subjetividade; fazer pequenas insinuações sobre características físicas do assediado. No final do processo, o sujeito está isolado do mundo, explicou.

    Ela ainda sustentou que não existe assédio moral horizontal (entre pessoas que têm o mesmo nível de poder) ou de baixo para cima (subordinados que assediam os seus chefes): O assédio moral é uma tática de poder, é um ato de quem tem o poder [sobre quem não o tem].

    Reconhecer é metade do caminho

    Para Terezinha Baiana, reconhecer o processo de assédio moral é percorrer metade do caminho para enfrentá-lo. Reforçando a ideia de que é preciso desnaturalizar as relações de trabalho, Terezinha explicou que a saída é sempre política e organizativa, ou seja, os trabalhadores precisam se organizar em seus locais de trabalho para enfrentarem juntos essa prática.

    A palestrante ainda destacou que é preciso aprofundar os estudos e análises do que é assédio moral para evitar que o termo seja banalizado e concluiu dizendo que tal prática está ligada ao modo de produção capitalista, que transforma o trabalho em morte. É preciso ter uma perspectiva de uma sociedade socialista.

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    1 Comentário

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    Terezinha Martins errou feio ao dizer que não existe assédio moral horizontal ou de baixo para cima. Claro que existe. Quando uma horda de colegas se une para destruir um outro, como se chama isso? Camaradagem? Quando o grupo de subordinados se unem para fazer greve branca, ignorar ordens do chefe, etc, para ver se o derrubam, como se chama isso, partindo do pressuposto que esse chefe é um cara cordial e nunca praticou assédio moral contra a equipe. Bondade? continuar lendo